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Entre expectativas e desapego

  • josiaportela
  • 4 de dez. de 2016
  • 3 min de leitura

expectativa ex.pec.ta.ti.va sf (lat exspectare+ivo) 1 Situação de quem espera uma probabilidade ou uma realização em tempo anunciado ou conhecido. 2 Esperança, baseada em supostos direitos, probabilidades ou promessas. 3 Estado de quem espera um bem que se deseja e cuja realização se julga provável. 4 Probabilidade.

Hoje parei para pensar sobre expectativas. Não tarda para descobrirmos o que essa palavra significa, ou melhor, quais os efeitos dela e o quão forte é sua influência na vida, se não for bem controlada. E ela será sempre uma companheira fiel, ou cruel, se você não for mais forte do que ela. Se deixarmos, esse estado angustiante domina e as consequências têm grandes probabilidades de levar a meras (ou grandes) frustações.

Ansiedade sempre foi meu forte. Quando aliada com expectativas, então, os efeitos eram potencializados e sofria absurdamente por antecipação, com cada situação em que persistia em criar possibilidades e tempo determinado para realização. Esquecia que não controlamos o caminhar das coisas e que em quase todas as situações, teus passos não vão te levar aonde você quer e espera chegar e sim a outro lugar, completamente desconhecido. O que não significa, necessariamente, que esse atalho não irá te agradar ou te trazer boas realizações.

O exemplo mais claro é minha vida profissional. Por longos anos criei expectativas intermináveis sobre como ela começaria e se desenvolveria, o que eu queria fazer, quando e como. A cada tentativa, uma negativa e a tristeza por as coisas não acontecerem como eu previa. A verdade é que uma hora cansa de insistir, mais cedo ou mais tarde. Sofrer é ruim, mas sofrer por um sentimento que você mesmo provoca, é inadmissível.

O dia em que me libertei das expectativas e me deixei levar, abri os olhos e os braços para receber o que me traziam rumos tão opostos ao que eu julgava como possibilidades. Descobri que novos horizontes podem ser tão interessantes quanto aqueles que você busca. O caminho até eles carrega aprendizado, crescimento, diversões e surpresas. Talvez você veja lá no final da caminhada que ainda gostaria que aquela probabilidade se concretizasse, mas também que os passos até então valeram a pena.

E quer saber o final dessa história? Quando me isentei totalmente das expectativas que guardei comigo por anos, surgiu uma nova possibilidade. Sabe aquela que persegui por anos? É, ela mesmo. Concretizou-se quando deixou de ser para mim uma probabilidade próxima. Então pude compreender que o sabor de algo inesperado é muito mais interessante do que perder tempo em falsas previsões, em perseguição vã por aquilo que você julga que lhe fará bem.

Se é possível viver sem expectativas? Talvez não. Porém, é possível minimizá-las. Acredito que há uma diferença entre expectativas e o desejo de que algo se concretize. Sonhar é válido, porém, expectativas demais é martírio.

Não acredito que as coisas aconteçam por mero acaso. Talvez exista algo, alguma força (ou para os religiosos, Alguém), que manipule nossos passos em prol de alguns acontecimentos que farão a diferença na vida, para situações que precisamos viver. Porém, é ilusão acreditar que temos controle dos fatos, para que aconteçam exatamente como queremos.

Sabe aquele lance de “praticar o desapego”? O caminho é por aí... Dosar as expectativas com o dobro, triplo de shots de desapego. Se as expectativas se concretizarem, sorte a sua, mas deixe que aconteçam naturalmente, sem forçar o ritmo das coisas. Quando se espera demais, perde-se o compasso, cada segundo ou cada metro longe do objetivo são horas de olhos fechados a outras coisas tão mais belas e interessantes. O segredo, para mim, é seguir a frase da minha música preferida (Drive – Incubus): “Whatever tomorrow brings, I’ll be there with open arms and open eyes”. Braços abertos para surpresas e possibilidades diferentes.

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Josiane, jornalista, profissional de marketing, fotógrafa, com uma aspiração por ser escritora e um quê de quem gosta de filosofar sobre tudo. (saiba mais aqui)

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