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Amor e paixão coexistem?

  • josiaportela
  • 4 de dez. de 2016
  • 3 min de leitura

O que é amor e paixão para você? Qual o limite entre ambos os sentimentos? Uma pergunta um tanto complexa.

Acredito que amor é uma evolução da paixão. Amor é morno. Paixão é quente, é ter o sangue fervendo nas veias.

A descoberta de uma nova paixão é sempre um turbilhão de sentimentos deliciosos de vivenciar. É como se todo o mundo parasse e só te importasse uma única pessoa. É passar todos os minutos do seu dia com aquele alguém no pensamento. Sorrir sozinho, feito bobo, com qualquer coisa mínima que venha daquela pessoa, contar os segundos para vê-lo(a).

É a fase inicial dos relacionamentos, na qual o outro ainda é perfeito, totalmente livre de defeitos. Um apaixonado julga que encontrou o homem ou a mulher da sua vida e não há (nem haverá) mais ninguém no universo que possa fazê-lo sentir como esse alguém faz. É a idealização de alguém único em sua vida.

Paixão é como um adolescente: ingênuo, imaturo, inconsequente, que acredita somente no “agora”, no presente. O futuro não importa, está longe demais para ser considerado.

Amor é paixão envolta nas responsabilidades, seriedade e com o peso da maturidade. É ir além das imaginárias idealizações que fazemos do outro para vê-los com lentes nítidas. E se o apaixonado(a) não estiver disposto a ver sua (seu) amada(o) claramente, em todas suas faces, com todas suas características escancaradas, é nesse momento que o encanto torna-se somente uma expectativa frustrada.

Paixão é carnal. É arrepiar só de olhar ou receber um mínimo toque do outro. Amor é mais do que isso. É cumplicidade. É ser, além de amantes, amigos. É pensar juntos no futuro, sem conseguir se desvencilhar das seriedades do mundo.

Paixão é surpresa. É quebrar a monotonia do dia a dia com flores, ligações e mensagens inesperadas, atos impensados. É correr riscos. Amor é rotina, é território com relativa segurança e estabilidade.

Quando se coloca os pés no chão e o coração volta para a realidade, a paixão perde a temperatura, perde a magia, endurece e vira amor. O outro deixa de ser a personificação da perfeição para tornar-se humano, com seus defeitos e diferenças. Acomoda-se com a monotonia. A conquista torna-se concreta, não exigindo mais todos os esforços para demonstrar ao outro que você é a pessoa perfeita para ele(a) e vice-versa. Todos os (principais) detalhes do outro se tornam conhecidos. O relacionamento deixa de ser um território desconhecido a ser desbravado para ter seus caminhos, direções e cenários devidamente traçados e familiares.

Dizem que paixão é passageira. Sinto afirmar que a realidade das experiências amorosas mostra que, infelizmente, o senso comum está certo. Quem se apaixonou ao menos uma vez, verdadeira e intensamente, sabe a deliciosa sensação de renovação e felicidade constante que a paixão proporciona. É uma pena deixá-la morrer ao invés de mantê-la viva e presente.

Há aqueles que vivem em incansável busca pela paixão. Tão cedo o relacionamento se acomode a rotina, buscam uma nova pessoa para reiniciar novos ciclos para mantê-los apaixonados. O que conseguem são somente relacionamentos vazios e permanecem presos em um ciclo sem fim.

Amor é o amadurecimento de uma paixão. Pode ser a confirmação de que aquela pessoa realmente é o homem ou mulher da sua vida, porém, com plena consciência de que ele(a) não é o ser perfeito que você idealizou e tem tantos defeitos quanto você. Porém, estar apaixonado faz falta no dia a dia. Acredito que quanto mais avançamos pela vida adulta, mais deixamos para trás a ingenuidade de acreditar em uma paixão. O que é um tremendo desperdício… da nossa felicidade, do que poderíamos viver. Nos privamos por tornarmos “caretas” demais para termos a mesma inconsequência de um primeiro amor.

Talvez a paixão e amor só não coexistam porque é da natureza do ser humano acomodar-se. É muito mais fácil deixar-se levar pela monotonia do que manter-se sempre criativo, buscando apaixonar-se e despertar a paixão.

Engana-se quem pensa que é impossível apaixonar-se pela mesma pessoa mais de uma vez. Não quando se tem disposição para recomeçar e viver o sentimento com a mesma intensidade do primeiro olhar, beijo, abraço, entre outras primeiras experiências com seu par, sem medir esforços para reconquistar e surpreender ao outro.

Entre amor e paixão, ousaria optar com a paixão. Não que o amor seja, necessariamente, algo ruim. Muito pelo contrário, o amor lhe garante segurança. Porém, às vezes é preciso deixar a seriedade desse sentimento de lado para viver todas as loucuras que só uma paixão lhe garantem. Por que não conciliar ambos?!

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Josiane, jornalista, profissional de marketing, fotógrafa, com uma aspiração por ser escritora e um quê de quem gosta de filosofar sobre tudo. (saiba mais aqui)

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