A onda após os sete gols e uma vida que continua
- josiaportela
- 10 de jul. de 2014
- 3 min de leitura

Tenho acompanhado nas redes sociais desde ontem a repercussão após a fatídica derrota do Brasil pela Alemanha. De um lado, vejo pessoas extremistas expressando suas opiniões, outros fazendo uma grande salada mista envolvendo o futebol e outras insatisfações típicas do nosso país. De outro, uma imprensa extremamente sensacionalista provocando uma verdadeira caça às bruxas, ponto que deixo para uma próxima análise para não me alongar nesse texto.
Os cenários dos tais extremistas que postam suas opiniões no Facebook são diversos. Desde o início da Copa vejo algumas pessoas batendo no peito, com orgulho de ser “antiBrasil”. A incontestável e humilhante derrota de ontem só concedeu a esses a oportunidade de arfar ainda mais o peito e bater palmas aos gols que o Brasil tomou. Pergunto: em troca de quê?
Somos, sim, envoltos em um país problemático na política, saúde, educação. Como tudo que nos cerca nesse país, o futebol também é alvo de corrupções. Porém, reverter toda essa amargura para o futebol é tolice. O futebol representa uma fração do que é nossa nação. É apenas um esporte, mas temos que valorizar os frutos do nosso país. Como nos orgulhamos ao ver o sucesso de uma empresa, empresário, personalidade, artista ou qualquer outro “produto” legitimamente brasileiro no exterior, por que não agir da mesma maneira com o futebol? Entre esses opositores da Copa, estão as mesmas pessoas que torcem para o Brasil em outros esportes. Qual seria, então, a lógica de ser contra o futebol?
Esse e outros esportes, tudo que produzimos aqui representa nossa imagem no exterior. Valorizar isso não implica em concordar com tudo que há de errado no Brasil. Há quem critique o patriotismo. Concordo que o país é tomado por um patriotismo temporário e limitado em épocas como essas, que dura poucos meses e desaparece logo em seguida para acordar quatro anos depois. Sou contra essa postura. Porém, acredito que devemos ser patriotas, sim, não só em momentos como esse, mas em todo nosso contexto enquanto sociedade. Inclusive e principalmente quando temos a oportunidade de batalhar para um país melhor para nós mesmos.
Ao contrário do que muitos defendiam, teve Copa, sim. Infelizmente para a seleção Brasileira acabou, mas sem esquecer de que estamos entre as quatro melhores seleções dentre tantas outras que se foram. O importante agora é retomar nosso foco para batalhas mais importantes, sem esquecer que as eleições estão aí. Ao invés de ser contra o patriotismo, que tal usar sua energia para pensar sobre quem irá nos representar na política? Aos patriotas, que mostrem sua força nas urnas, tanto quanto usaram para torcer pela seleção brasileira. Aos “antis”, que só insistem em praguejar sem se mover, que peguem sua trouxinha e escolham seu destino, Alemanha, Holanda, Argentina (ou a PQP, que seja!). Lembrem-se que enquanto vocês reclamam, ainda são brasileiros.
Além disso, vi críticas de pessoas que ficaram revoltadas com quem torceu pelo Brasil durante a Copa, mas achou a situação de ontem vergonhosa, humilhante. Falo por mim. Torci pelo Brasil e desejei que fosse campeão, dentro dos limites. Não arranquei cabelos ou uma lágrima sequer por nossa derrota. Afinal, há um universo de pontos mais importante a se preocupar. A torcida, contudo, não me impediu de me sentir envergonhada como brasileira diante do ocorrido. Pouco entendo de futebol, mas posso dizer que a partida contra a Alemanha enfatizou o despreparo de nossa seleção.
Tamanha disparidade no desempenho que fez o futebol brasileiro entrar para a história com os SETE gols contra que recebeu, sem contar a dificuldade e tamanho sufoco para passar pelas etapas anteriores somente reforçam esse cenário. Como acompanhei durante o dia, em diversos veículos estrangeiros a palavra da vez ligada ao Brasil é humilhação. Infelizmente não há como negar.
A imprensa e a própria sociedade tem buscado um responsável por tudo isso, o que é inútil. Um futebol é feito de um time. Portanto, como tudo que envolve uma equipe, normalmente a culpa é do todo, talvez com grandes influências do líder. Ao invés de crucificar alguém ou todos os jogadores, o Brasil pode levar uma lição. Um time não é feito de uma ou duas estrelas, todos devem estar devidamente preparados e são responsáveis pelos resultados. E o principal: Somos o país do futebol na teoria, mas com seleções de fora muito melhores do que a nossa. Que isso sirva de lição nas próximas oportunidades.
O Brasil perdeu, os gastos com a Copa foram exorbitantes, as consequências para nossa economia podem ter sido muitas, continuamos com hospitais e escolas em tamanha precariedade. Porém, viremos a página. Mantenham a bandeira a postos para o grande evento que virá a seguir e vamos lutar para não levar “sete gols” de nossos políticos, porque isso sim seria uma verdadeira humilhação. Sem esquecer que, assim como um time, um país melhor não se faz com uma parcela, mas sim com toda a sociedade.
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