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Relacionamentos reticentes…

  • josiaportela
  • 15 de ago. de 2010
  • 3 min de leitura

reticência sf (lat reticentia) 1 Omissão daquilo que se devia ou podia dizer; silêncio voluntário. 2 Ret Figura que consiste em fingir que se deixa em silêncio aquilo em que se vai tocando, embora a largos traços; aposiopese. sf pl 1 Pontos (...) que, na escrita, indicam suspensão do sentido ou omissão de palavras; pontos de reticência. 2 Linha representada por pontos ou série de pontos que indica a falta de períodos ou até mesmo parágrafos completos.


latente adj (lat latente) 1 Que não se vê, que está oculto. 2 Dissimulado. 3 Subentendido. 4 Diz-se da atividade ou caráter que, em certo momento, não se manifesta, mas que é capaz de se revelar ou desenvolver quando as circunstâncias sejam favoráveis ou se atinja o momento próprio para isso.


Atire a primeira pedra quem nunca viveu um relacionamento daqueles no qual nunca se sabe o ponto exato onde começam ou terminam. Ou quando recomeçam, quando entram em stand-by. São aqueles casos que começam de repente e conforme o tempo vai passando, vão se perdendo aos poucos. Não tem um término declarado, confirmado. Simplesmente tomam outro rumo no meio do caminho, se perdem no silêncio. Ninguém discute, questiona o assunto. Não coloca-se um ponto final definitivo.


Surgem, então, os relacionamentos reticentes. Semanas, meses, até anos depois, saem desse estado de latência e revivem, retoma-se o assunto do ponto em que terminou (ou até mesmo como se não tivesse sido interrompido em momento algum). O recomeço é sempre bom, mas como que fadados a ficarem estagnados para a eternidade, simplesmente não engatam com força total, mas também não acabam de vez.


Há inúmeras suposições para esse tipo de “casos afetivos/amororos/enfim”, mas nenhuma é convincente. Às vezes é mais fácil deixar que as coisas se percam no silêncio, sem ter que tomar uma atitude definitiva. Afinal, quando não se tem certeza, uma decisão precipitada pode deixar aquela sensação de arrependimento, o pensamento sobre o que “poderia ter sido e não foi” por conta de seus próprios atos.


Outra explicação palpável é pura indecisão. “Ficar em cima do muro”, sem saber o que fazer, tornou-se cômodo. Talvez não se queira perder totalmente, mas também não seja o momento certo, as circunstâncias não sejam favoráveis ainda para se assumir alguma coisa.


Ninguém ficaria em estado de latência para retomar várias vezes um mesmo “caso” se não houvesse um mínimo de sentimento, interesse, atração ou algo do tipo. A única explicação para isso, então, seria a falta de um “algo a mais” que te faça ter certeza de que caminho deve ser seguido.


O que é uma eterna incógnita é se o fato de viver em reticências é um sinal divino (ou como preferir) de que simplesmente não adianta insistir, se não tomou um rumo certo até o momento, jamais terá um final feliz (ou não). Ou uma prova de que não adianta fugir, ficar em dúvida, tentar mudar o rumo das coisas. Por mais que se interrompa esse caso para viver outras coisas, conhecer outras pessoas, o destino é que mais cedo ou mais tarde (talvez bem mais tarde) aquilo enfim deixe de ser uma dúvida, para concretizar-se como algo certo.


Enquanto “bola de cristal” para saber o que é certo não é inventada, enquanto alguém não resolve tomar uma atitude definitiva e passar a borracha nas reticências para escrever o final da história (“feliz” ou não), os caminhos seguem separados, ao lado de outras pessoas, acertando ou errando, para em algum momento chegar uma conclusão. Na pior das hipóteses, no máximo surgirá a culpa por ter perdido tanto tempo na latência… ou não.


O que é certo é que viver na indecisão não leva a lugar nenhum. Em algum momento saem os “três pontinhos” para dar lugar a um único, o “ponto final”, mesmo sem saber se aquilo é o melhor a ser feito. O medo das consequências dos seus atos não pode ser sempre uma barreira para o futuro. Afinal, sempre que se vai “para frente, coisas ficam para trás. A gente só nunca sabe... que coisas são essas” [Teatro Mágico – Amém]. É inevitável ter que seguir rumo ao desconhecido, mais cedo ou mais tarde as situações vão exigir tal atitude.


Então, meu caro(a), resta encarar e “pagar para ver” o resultado… e depois pensar se valeu a pena ou não.


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Josiane, jornalista, profissional de marketing, fotógrafa, com uma aspiração por ser escritora e um quê de quem gosta de filosofar sobre tudo. (saiba mais aqui)

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