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A monotonia de um mundo “sem tempero”

  • josiaportela
  • 15 de ago. de 2010
  • 3 min de leitura

"Pessoas são apenas encantadoras ou monótonas". Uma frase memorizada para a eternidade e passível de divagações. Inspiração para o texto de hoje.


Poderia ser só mais uma “Sorte do dia” rídicula, se não fizesse completo sentido. Na verdade, tenho observado que é mais fácil encontrar pessoas monótonas do que as tão esperadas pessoas encantadoras. Ou essas estão, em sua maioria, em outro momento, em outro mundo, em outra galáxia… enfim: longe de nosso alcance e do nosso convívio.


Pessoalmente, tenho uma eterna mania em querer sempre o novo, o diferente, me surpreender. Com a vida que praticamente todos nós levamos, é impossível manter-se totalmente imune à rotina. É inevitável não cair na monotonia com horários para cumprir, tarefas por fazer, obrigações, responsabilidades e tudo mais. Não adianta fugir, a rotina e a monotonia vão ter cercar em um canto em algum momento. E elas me deixam extremamente incomodada!


Porém, mesmo fadados a seguir os rumos das duas ingratas citadas acima, nem tudo precisa seguir a trilha sonora ritmada por Seu Jorge (Arnaldo Antunes ou Chico Buarque, se preferir), “Todo dia ela faz tudo sempre igual, me sacode às seis horas da manhã…”. O que acontece é que as pessoas demonstram-se cada vez mais acomodadas com a mesmice, como que movidas por um manual que indica o que fazer passo a passo, um apito que diz a hora em que algo começa e termina. Máquinas programadas sempre para as mesmas coisas, incapazes de sair do óbvio. E é aí que deixam de ser encantadoras, para tornarem-se extremamente monótonas.


Poucos sabem da “arte de surpreender” e acabam vivendo uma vida “sem sal nem açúcar”, relacionamentos sem tempero, momentos exageradamente comuns, sem graça. Pensam que surpreender é dar um presente caro, jogar milhares de pétalas de rosas de um helicóptero, aparecer pelado em praça púbica (tá, exagero), ou algo assim. Não sabem o valor daquelas pequenas coisas que mudam um dia, uma semana, um mês.


Uma mensagem, uma ligação, aparecer em um momento inesperado. Amigos na porta de casa na manhã de um domingo, esperando para te levar para um café da manhã. Fazer um caminho diferente, por ruas diferentes. Uma garrafa de vinho e taças para dois no momento certo, mesmo que estrategicamente pensados por uma das partes. Agir por impulso, fazer algo impensado. Sair sem rumo, ir para um lugar inimaginável. Mandar tudo e todos para aquele lugar e fazer aquilo que quer nem que seja por um breve momento, por que não?! Uma demonstração diferente de afeto por alguém, seja amigo ou algo à mais. Músicas novas, novos passos, lugares diferentes. Coisas que não matam, não são crime.


Enfim, experimentar os sabores de um momento diferente, de viver novidades. Demonstrar de uma maneira incomum que você pensa em alguém, o quanto gosta dele(a). Surpreender é abrir os braços para o inesperado e aproveitar aquele instante, ou proporcionar isso à outra pessoa. É fazer a diferença até com as coisas mais simples. O que vale são os detalhes, a intenção, não os modos. Deixar de ficar acomodado com a monotonia, seguindo as mesmas regras sempre.


Independente do ato, das proporções, maiores ou menores, simples ou incríveis, pelo bem de um mundo com pessoas mais felizes, menos mal-humoradas, aconselho: (Além do filtro solar) Surpreendam alguém, ou a si mesmo! Coloque algum “tempero” nessa sua vida programada, indiferente, saboreie a delícia de sair da rotina. E Buon appetit!


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Josiane, jornalista, profissional de marketing, fotógrafa, com uma aspiração por ser escritora e um quê de quem gosta de filosofar sobre tudo. (saiba mais aqui)

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